domingo, outubro 04, 2009

Relacionamento? Com quem?

Outro dia falei com um amigo que eu fazia terapia e ele, com voz assustada do outro lado do celular:

Como assim? Você não precisa de terapia. Você é normal!

Pois é. Eu faço terapia. E sinceramente não me acho anormal por causa disso. Mas não deixo de ter um "q" de anormal em minha vida. Na verdade, tenho me questionado sobre o que é ser normal hoje em dia. Dá para filosofar um bocado sobre isso, mas hoje vou ficar em um ponto.

Bem, pelo que tenho ouvido, normal hoje em dia é se contentar com a superficialidade de relacionamentos. Ou seja, se você quer realmente conhecer alguém, prepare-se para procurar uma agulha no palheiro. Os relacionamentos se consomem e resumem em beijo na boca e sexo. Ah, se eles soubessem onde isso dá... (Soa arrogante? Talvês. Mas estou me dando o direito de ser arrogante em certos assuntos onde tenho experiência e autoridade para dizer. Fruto da terapia!).

Beijar na boca é bom. Sexo é bom. Beijar na boca com sexo é bom demais! Mas eu não trocaria o companheirismo, a cumplicidade e, mais do que tudo, o prazer de conhecer todo o incrível universo de uma pessoa por somente essas coisas. Porque beijo e sexo são importantes, mas, com a fugacidade do tratamento e a fragilidade do tempo, perdem o encanto e, conforme o andor da montanha russa, tornam-se vazios, efêmeros, dependentes do seu humor. Então o que fazer?

Bem, o que sobra é essa incrível viajem pelo mundo totalmente particular e único que é conviver. Uma aventura a cada conversa, a cada descoberta, a cada compartilhamento, que carrega em sí a alegria de, com o passar do tempo, as máscaras irem caindo, uma a uma, até que fica o que interessa: VOCÊ.

Permitir que uma pessoa chegue a lhe conhecer nesse nível é uma experiência que eu não trocaria por beijo e sexo - por melhor que eles sejam. Porque infinitamente melhor do que beijo e sexo é beijo e sexo com liberdade para ser você mesmo. E que me perdoem os liberais, as feministas e todos os que pregam que o melhor é aproveitar enquanto é tempo, mas o desafio de SER é o maior, melhor e mais gratificante que existe.

Agora você pode estar pensando qual o problema em curtir a juventude, se divertir e ficar com as pessoas. Bem, primeiro porque SÃO pessoas e já existe tanta coisa descartável hoje em dia então porque tornarmos as pessoas também descartaveis? Segundo porque não dá para querer que alguém nos leve a sério se não levamos as pessoas e os relacionamentos a sério. Terceiro porque, com globalização e internet, a virtualidade dos relacionamentos tende a nos tornar cada vez mais frios e distantes um dos outros, então se não voltarmos a valorizar as pessoas, o futuro realmente será triste e vazio.

Então, sinceramente, eu prefiro ser anormal nesse assunto e não desistir de lutar pelas pessoas até o último sopro de esperança. Porque Deus pode ajeitar todas as coisas, menos aquilo que nós não queremos ou não deixamos, como preferir, Ele colocar a mão.

Então, chego a conclusão de que ser anormal é bom e que fazer terapia para poder escolher continuar sendo anormal por acreditar no sonho de humanidade é bom demais!

Afinal, como também já concluí na terapia, sonhos só morrem quando deixamos de acreditar neles. Óbvio? Ás vezes nem tanto.



Um comentário:

Diras disse...

Eu faço terapia também, aliás, faço análise que é um pouco diferente. Não me acho normal e nem acho que exista alguém normal. Me acho gente, sou gente, e acho que estou lá pra me sentir cada dia mais conectada com a minha humanidade, porque ser gente hoje em dia nêga, é difícil!

Beijo querida!
(AAh, sou eu, Dira)
=*